terça-feira, 26 de agosto de 2008

Mulher na Sarjeta

Caro Ricardo Bloguíssimo,

Sei que estou uma chata para todos que me cercam, com esse meu permanente estado de desanimo e tristeza...
Estava ontem na sarjeta depois de tanto beber, e acabei desabafando o resto do meu torpor nesse seu blog, que uma amiga me falou a respeito.
Aliás, homens na sarjeta, como Bukowski, Jack London e cia são sempre interessantes...mas e as mulheres? Não passam de umas coitadas decadentes...ninguém quer estender a mão...a não ser que ela tenha uma boa bunda, uma boa perna...
mas por melhor que seja a bunda, ela se encolhe no frio do desamor.
Entao, o que faço: me isolo ou continuo aporrinhando os outros com a dor do meu abandono? Por que nao passa essa maldita dor? Escrevo com tanta raiva que acabei de estragar a tecla r do meu computador, agora tenho que apertá-la com força para o r aparecer. Tudo, aliás, que eu toco ultimamente estraga, queima, rasga...
É horrível dizer, mas to segurando as pontas para nao acabar enfiando uma faca na jugular... saco... que merda... desculpas os palavroes, mas tá foda, bem foda essa solidao desgraçada.
Hoje faz 10 meses que acabei o meu relacionamento de 5 anos, e ainda to na pior, já sonhei várias vezes que me afogava no rio Pinheiros, às vezes na porção Tietê, eu ali cercada de pets e bosta e latas velhas e enferrujadas. Um nojo, como o meu próprio abandono, o meu próprio interior que anda muito sujo de idéias ruins.
De qqer modo, obrigada por este espacinho esquisitamente virtual. Fica ao menos registrado aqui se eu ainda cometer uma besteira, para que outros nao a repitam.
Renata Vasconcellos (Cerqueira Cesar, São Paulo, SP)

Um comentário:

  1. Cara Renata Vai com Cielos (viu como tb sei fazer lá os meus trocadilhos?).
    A propósito, esse mesmo trocadilho com o qual vc gracejou o meu sobrenome é a prova cabal de que possuis uma arma poderosa em mãos: o humor. É o humor, e só o humor, que irá te tirar desse buraco umbroso em que vc se encontra no momento. E por meio dele que, inclusive, ainda vai rir do drama amoroso que vem enfrentando.
    Quanto à faca na jugular, querida, nao me parece um fim apropriado para quem sabe o profundo valor de uma paixão. Por acaso tens idéia do esguicho que um corte nesta artéria provoca? A pressão do sangue é vulcânica, pode macular os quatro cantos do cômodo em que estiver dando o cabo em si, deixando ainda um cheiro insuportável de coágulo em carpetes, colchas, almofadas e afins. Uma cena dessas é mais apropriada para filmes de horror z, em que o assassino quase sempre é um zarolho sexualmente perturbado vestindo uma capa de chuva cor de abóbora, as costas vergadas com o peso do machado pingando sangue das vítimas.
    Nesses termos, como disse, se apegue com unhas e dentes a esse traço precioso de sua personalidade que, uma vez mais, é o humor. Comece a rir de sua própria tragédia. Uma hora vc se cansará de sofer e, de fato, vai passar a rir da palhaçada que é chorar por alguém que nao mais a quer. Guarde, sobretudo, essa energia sublime para começar a enxergar o sorriso sincero no rosto de quem a merece.
    Quem ri por último, cara Renata, é porque nao entendeu patavinas de anedota alguma.
    Entao gargalhe o quanto antes de seus próprios frangalhos. Nao há bálsamo igual no mercado.
    Abs e buenas suertes, manita
    Ricardo Bellissimo

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