segunda-feira, 26 de abril de 2010

NECROSADOS

Este espaço está dedicado aos que padecem de amor.
Aqueles que vivem uma paixão, ou anseiam o doce veneno do amor.
Já se disse que ninguém ama impunemente. Vozes ébrias, melancólicas, também já cantaram que o amor só é bom se doer. Só tem serventia se escorraçar a alma do enamorado. Mas é assim, a duras penas, que se amadurece.
Outros, insanamente carentes e ardorosos de amor, peregrinam pela vida com o mesmo ímpeto vertiginoso dos poetas românticos do século XVIII, que viviam reclusos em suas águas-furtadas, até morrerem, tubérculos e cobertos por pústulas de um amor não-correspondido. A estes, desejo a energia acumulada da frustração, aliada à libido amaldiçoada pelo abandono, e se erguam, com dignidade e a força de um samurai, e continuem a sua luta. Não deixem que seus corações necrosem, antes de viver uma nova paixão.
Que desabafem! Que vomitem aqui todo o amargor de uma paixão sofrida e desenganada.
Sejam bem-vindos, se suas almas não forem pequenas. E que, apesar de todos os dissabores pelos quais o amor dilacerou suas forças, ainda vale a pena procurar outro abismo escuro, pantanoso, nas profundezas do coração de um outro alguém para se atirar.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Beijo Surrupiado

Oi, Ricardo

Eu fiz tudo, tudo o que podia pra ele não ir embora...inventei histórias, desperdicei palavras, ele não deu nem bola pra todo meu derramamento...
inventei poesia, usei pretextos, usei cartão de crédito, queimei filmes...chorei, ajoelhei e também tentei ignorar...
arquitetei mimos, me fiz de gostosa , de greta garbo, de descolada...fui ao cinema sozinha, chorei no canto da poltrona assintindo beijo roubado, desejando que fosse ele o jude law do outro lado da rua, esperando eu voltar da minha jornada...
encostei meu corpo no dele na subida da escada rolante tentando uma sedução abstrata, fui delicada, agressiva, desprendida, inventiva...me transformei em várias e me resumi em uma mulher...a dele...
e de nada serviu tanta manha, gênero e estilo...desencana que a vida engana já dizia o grafiti...
O que me resta?
Clarisse Fantinne (Butantã, São Paulo, SP)