quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Mardita Vida

Oi, Ricardo

Nao sei como ainda me levanto todos os dias para realizar as maçantes tarefas do dia-a-dia, desde que fui abandonada pelo meu amor. Realmente, nao sei. Talvez seja apenas falta de coragem em dar cabo em minha própria vida. Também nao quero deixar a impressão de que estou lá no fundo do poço, mesmo já estando, as paredes escorregadias, cheias de limo, toda vez que tento me soerguer. Estou cansada, o cotidiano pesa, e agora escrevo neste blog, confesso, por puro desespero.
Vc tb deve ter sido um desesperado de amor para criar uma página compassiva como esta. De qqer modo, a dor une as pessoas - ou, pelos menos, deveria unir.
Já fui insana de aparecer na casa do meu ex, em todas as horas do dia: manhãs, tardes, noites e madrugadas. Em vão. Ele nao quer mais me ver. O motivo: acho que o traí com um antigo namorado meu. Nao acredita mais em meu amor, só porque fui compassiva com esse ex-ex, e um dia fui à casa dele para conversar, ficou tarde, e por ali dormi. Pronto. Este foi o nosso fim.
Ainda o amo, com loucura e paixao, mas ele esté decidido: nao há retorno. A vida é amarga, nessas horas. Amargando tudo ao redor.
Poderia escrever páginas e páginas, mas isso, dizem, nao é aconselhável na internet. As coisas tem que ser rápidas, curtas, como é a vida bestamente individualizada da contemporaneidade. Mas, afinal, nao é este o objetivo do seu blog? Desabafar e desabafar e desabafar?
No fundo, o meu desabafo é um só: gostaria apenas que meu ex, o Ale, lesse isto aqui. Nao quero procurar um novo amor, pelo menos por enquanto. Já até pensei em dizer o quanto o amo num desses programas da rádio AM, mas ele jamais iria ouvir.
Ale, seu filho da puta desgraçado que eu tanto amo, volta pra mim, fale comigo, me procure, ouça a voz da minha alma, nao vivo sem vc, meu amor.
Desculpe, Ricardo, mas nao sei mais o q fazer, e nao me venha com vc precisa procurar a ajuda de um psicólogo, precisa tomar algum antidepressivo. Ha ha... só se for pra tomar a caixa toda e seja lá o que Deus quiser. Mas Deus nao estava morto?
Bjs sem destino de uma desesperada
Fernanda Lozanno

Um comentário:

  1. Querida Fernanda,

    Se palavras aliviassem a dor da alma, era só ouvir as pregações de qualquer bispo salafrário, sabedorias de algum monge doido de tanto mantra rodopiando em seu cocoruto, eremitas desmiolados, e pimba: a dor sumiria.
    Mas nao é assim, sabemos disso. Estou, por isso, até pensando em mudar o nome do blog para o clichê mais óbvio, porém potencialmente verdadeiro: o tempo é o melhor e único medicamento às dores do amor.
    Mas alguns amigos quase me crucificaram qd disse que ia colocar um nome tosco desses. Ademais, é preciso necrosar as feridas, cair aquela casquinha podre e fétida para, enfim, uma nova pele se refazer.
    E nao sou eu quem vai dizer, Fernanda, para de ser louca, idiota, cega e burra. Como tb poderia dizer, Fernanda, vc nao percebe que és uma louca, idiota, cega e burra? O que adiantaria? Absolutamente, nada.
    Expurgue, filha de Deus, que vc O acredita morto e soterrado. Entao soterre o divino, bata a cabeça na parede, mas só tome cuidado com seus loraxizinhos, viu? Esses remédios só tardam o tempo do expurgo. Porém, se for teimosa o suficiente e os quiser enfiar goela abaixo, paciência. O poço é só seu, e a letargia nefasta causada por esses medicamentos só vai deixar as paredes do seu poço ainda mais escorregadias.
    Quem sabe, ao invés de vc dizer numa rádio AM que ama tanto seu ex, por que nao grava um cd com sua voz amargurada, apocalíptica, recitando as poesias negras que irao brotando de seu coraçao? Isso é apenas uma dica de expurgo.
    Pode tb recitar um velho e bom Vinicius de Moraes, e envie para o distinto (o correio é uma das poucas instituições que de fato funcionam neste país chinfrim). Ele nunca mais vai ser o mesmo. No mínimo, vc vai fazer uma grande proeza ao disseminar um pouco de poesia neste mundo cão.
    Beijos nesse seu coraçãozinho em frangalhos,
    Ricardo

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